“The best coaches are coaching more than just the game, they´re coaching life”. Ou seja: os melhores técnicos ensinam mais do que apenas o jogo, eles ensinam sobre a vida.
Essa é uma frase de um autor desconhecido que circula no ambiente esportivo dos Estados Unidos que acho extremamente assertiva, principalmente, na formação de atletas.
Estou trabalhando com atletas infantis, infanto e juvenis há três anos e vejo a responsabilidade que tenho perante esses jovens. Se pudesse sintetizar todo o trabalho a ser desenvolvido na formação de atletas em três grandes pilares, eu diria que: 1) precisamos admirar; 2) precisamos inovar; 3) precisamos amar.
Acredito que 80% dos atletas com os quais atuo moram longe de suas famílias. Deixaram seus pais, seus irmãos, seus avós em uma outra cidade, há horas de distância. Deixaram seus portos-seguros e vieram, sozinhos, encarar a dura rotina de ser atleta. Sentem saudades, sentem dor, sentem cansaço. Diante disso, defendo que o primeiro pilar para ter no radar na formação de atletas é admirar. Admirar a coragem e o esforço de, aos seus 13, 14, 15 anos, sair de casa e encarar o mundo em busca de seu sonho.
O segundo pilar para a formação de atletas é inovar. Vivemos em um mundo diferente do que era quando nós éramos jovens. Vivemos no mundo da tecnologia, da informação fácil e rápida, das redes sociais, das palavras abreviadas e das emoções transformadas em emojis. Não adianta pedirmos que os atletas respondam da mesma maneira à formação que nós tivemos. Não vai funcionar. Por isso, temos que ter a flexibilidade de entrar no mundo deles e inovar na nossa forma de ensino, na nossa proposta de atuação, na forma com que nos relacionamos com eles.
Por fim, o terceiro pilar é amar. Amar o que, exatamente? Tudo. Amar a nossa profissão, amar a rotina de campeonatos, e, acima de tudo, amar esses atletas. Como se fossem nossos filhos. Porque, de certa forma, eles são. Eles estão sob nosso cuidado, sob nossa proteção, sendo influenciados pelas nossas atitudes e pelas nossas ideias. Se não há amor, não há zelo, não há consequência, não há peso na consciência de uma palavra mal dita ou de uma sentença silenciada.
Se queremos nos tornar bons técnicos, no meu caso, uma boa coach esportiva, precisamos estar prontos e abertos, para, além de admirar, inovar, e amar, também ensinar a esses jovens atletas a vida. Acredito no esporte como meio de transformação para um país melhor.
